CONGADA UBERLÂNDENSE NA CÂMARA MUNICIPAL CONTRA OS ATAQUES A SUA NATUREZA CULTURAL E ESPIRITUAL AFRODESCENDETE
- Manoel Cipriano
- 17 de abr.
- 2 min de leitura
Sendo uma expressão da diversidade, tendo como princípio comum a preservação, divulgação e vivência espiritual da cultura afro-brasileira, com uma história enraizada na comunidade desde antes da fundação da cidade, reconhecido como patrimônio cultural imaterial municipal a partir de dois mil e oito, o congado se fez presente na sessão da Câmara Municipal de Uberlândia nesta quinta-feira para dar resposta aos ataques proferidos por uma representante da extrema direita que integra o poder legislativo local na atual legislatura.
Em Sessão da Câmara Municipal de Uberlândia, realizada na quinta-feira dia 07/04/2025, a Vereadora Janaína Guimarães, do Partido Liberal – PL e integrante da Comissão de Cultura do Legislativo, ao fazer uso da Tribuna, fez uma fala, desqualificando a natureza espiritual afro-descente, proferindo palavras de baixo calão, como forma de crítica à destinação de recursos federais para fomentar as ações do congado; o que, além de ser refutado, de imediato, por algumas vereadoras e vereadores, repercutindo negativamente entre a comunidade, assim como entre os movimentos de negras e negros.
Nesta quinta-feira, 10/04/2025, as congadeiras, os congadeiros e movimentos da cultura negra ocuparam o Plenário da Câmara Municipal, numa demonstração da importância das manifestações afrodescendente e, de modo particular, da congada para vida da cidade desde muito antes da fundação do município.
Além do enfatizar o repúdio ao tratamento dado à cultura afrodescendente por agente político que, no exercício de sua função pública, tem como atribuição fomentar e fortalecer a cultura, foram apresentadas e encaminhada à Mesa Diretora moção pela destituição da Vereadora da Comissão de Cultural da Câmara, assim como o estabelecimento do processo para cassação do seu mandato do legislativo, conforme tem ocorrido noutras Câmaras Municipais Brasileiras.
Os ataques proferidos pela Vereadora, longe de ser um ato isolado, integra e se soma às ações de um campo político que vem se manifestando contra as conquistas de direitos, dentre os quais a garantia às manifestações culturais de indígenas, quilombolas e negras e negros, dentre outros segmentos populares. A resposta apresentada, por sua vez, expressa necessidade diuturna de firmação de negras e negros pelo seu fazer-se nos espaços de terreiro, na capoeira, no samba, no carnaval e, não restam, de modo particular na congada como expressões vivas da cultura afrodescendente, dando, assim, sua contribuição à diversidade cultural nacional a partir de sua realidade local.
Manoel Cipriano
Mestre em educação.
Comments